Como grande apreciador de cultura e arte que era, D. João VI inspirou o primeiro solavanco na erudição cultural brasileira.
Trazendo consigo numerosos documentos e obras literárias, pictóricas e de diversas outras naturezas, D. João VI proclamou a abertura da Biblioteca Real, que, por conseguinte, inspirou a abertura de diversos centros culturais:
- Jardim Botänico do Rio de Janeiro;
- Academia Imperial de Belas Artes;
- Museu Real;
Mas D. João VI não trouxe apenas obras prontas. Em 1816, com o fim da ameaça napoleônica, inspirou a Missão Artística Francesa, que, junto a outros movimentos, começou a revolucionar o quadrante erudito brasileiro, trazendo vários grupos de artistas, que introduziram o conceito de Belas-Artes ao meio cultural brasileiro.
Junto ao meio artístico, houve também um intenso desenvolvimento do meio científico brasileiro, cujos gênios representantes vinham de diversos países, ou se formavam no próprio Brasil, envolvidos no meio acadêmico que começava a se estruturar. Dentre outros:
- Academia Imperial de Belas Artes;
- Escola de Cirurgia de Salvador;
- Academia de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (1808);
- Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios;
- Observatório Astronômico;
- Cursos práticos de agricultura (1812 - Bahia; 1814 - Rio de Janeiro);
- Curso de veterinária pelo famoso João Baptista Moncouet;
- Real Teatro de São João;
Dentre outros fatores, outra grande motivação ao desenvolvimento cultural foi a facilitação dos meios de propagação da arte e da informação. A permissão e criação da Imprensa Nacional transportou as novas ideias através das belas novas estradas e portos que cresciam pelas principais capitais brasileiras, ou pelo belíssimo Rio de Janeiro. O contato com a cultura européia é ainda maior quando o meio econômico restaura a interação e reintegra a colônia latino americana ao centro cultural do mundo. Com a abertura dos portos e o desenvolvimento econômico, provindo da instalação de uma importante estrutura:
- Criação do Banco do Brasil em 12 de outubro de 1808;
- Autonomia administrativa em 1815;
- Criação da Real Junta do Comércio;
- Linhas diretas marítimas entre o Rio de Janeiro e outras capitais do mundo;
- Casa da Moeda;
- Real Erário (Ministério da Fazenda);
O contato com a Europa foi maior, coagindo com os interesses de D. João VI, que, à intensão de estabelecer, de vez, a base político-econômica portuguesa no Brasil, buscavam elevar o Brasil à condição de metrópole "européia", de estilos culturais reconhecidos mundialmente. O Brasil tornava-se então uma das primeiras colônias latino americanas a conquistar sua erudição e reconhecimento cultural, o que, mesclado ou não, interagia amigável ou agressivamente com a cultura selvagem, tanto dos índios nativos, quanto dos africanos escravos, que já se homogeneizavam entre os novos campos, entre as novas terras.
Otávio Alonso Freire Alves